"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém" Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios

"Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém [...]". (Carta do Apóstolo Paulo aos cristãos. Coríntios 6:12) Tudo posso, tudo quero, mas eu devo? Quero, mas não posso. Até posso, se burlar a regra; mas eu devo? Segundo o filósofo Mário Sérgio Cortella, ética é o conjunto de valores e princípios que [todos] usamos para definir as três grandes questões da vida, que são: QUERO, DEVO, POSSO. Tem coisas que eu quero, mas não posso. Tem coisas que eu posso, mas não devo. Tem coisas que eu devo, mas não quero. Cortella complementa "Quando temos paz de espírito? Temos paz de espírito quando aquilo que queremos é o que podemos e é o que devemos." (Cortella, 2009). Imagem Toscana, Itália.































segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

CLASSE SOCIAL, ESTADO E IDEOLOGIA II

*Bruno César Costa
*Graciela Valencio Cabeça
*Maurício Augusto Rosa


“A história de toda a sociedade tem sido, até os nossos dias, a historia das lutas de classes”
Karl Marx


Palavras-chaves: Precarização. Trabalho. Estado. Classe Social. Capitalismo.

SINOPSE

Assim já dissera Marx, a sociedade sempre fora e continua sendo dividida em classes. O mundo moderno trouxe consigo um emaranhado de questões-problemas, que o “mundo antigo” não foi capaz de solucionar. Miséria, violência social, sistemas precário de educação, má qualidade de vida, desemprego, dentre outros. Essas e outras questões jamais foram postuladas pelo Estado, “este” as ignora.

O Estado é o principal fornecedor da podridão moderna, ele sustenta a produção capitalista, que por sua vez degola a sociedade cada vez mais, estruturando em classes socioeconômicas desiguais. Uma vez que a sociedade está esquartejada, torna-se mais fácil para que o Estado a controle, afinal: “[...] na medida em que o Estado não é capaz de resolver os conflitos, ele perde sua legitimidade”. (WAIZBORT. 1988). Sendo assim, o Estado mantém a ordem, evitando (ao menos tentando) evitar conflitos entre as classes oprimidas com as classes opressoras (membros do Estado).

Capitalismo e Estado caminham juntos nesta precária e injusta sociedade moderna capitalista neoliberal. O sistema capitalista fomentou um contingente de miseráveis, promoveu e promove um verdadeiro “estupro econômico social” com os excluídos. O fermento do capitalismo é o Estado, é ele quem o alimenta, que o torna viril e reprodutor das desigualdades. Há quem defenda que através do trabalho o homem se torna digno, capaz de ascender socialmente.

Ilusão!

Este sistema precarizou o trabalho, medidas em conjunto com o Estado foram tomadas para que o trabalhador tivesse cada vez menos força política dentro do seu local de trabalho. Terceirização, máquinofatura, subempregos etc.; condições que levaram e levam qualquer trabalhador a uma reivindicação, mas como há um grande “exército de reserva” (termo cunhado por Karl Marx) o trabalhador se vê obrigado a aceitar estas condições que lhe são oferecidas.

Como dito anteriormente, o Estado deve ser legitimado, e para isso deve manter a ordem, evitando a desordem. Dessa forma, ele cria medidas de coerção, oferece assistência a estes explorados, tornando-se o que conhecemos por Estado paternalista.



A Precarização do Trabalho na sociedade contemporânea

Vivemos em um capitalismo diferente do qual Marx presenciou, mas não por isso o defenderia, onde o trabalho está sendo cada vez mais metamorfoseado, degradado e, consequentemente, o homem e a mulher desse novo capitalismo sofrem com os reflexos dessas metamorfoses.

É nesse ponto que indagamos, quais são essas transformações? De que forma estas atingem aqueles que vivem da venda de sua força de trabalho?

Essas mutações que atingem o trabalho são a terceirização, substituição do trabalho do homem por máquinas, os avanços tecnológicos, aumento de trabalhos temporários, etc. Todos esses atos estão ligados ao trabalho e quando mal empregados levam à sua precarização.

É nesse contexto que essas mudanças afligem o homem, degradando seu trabalho, causando baixa remuneração pela venda de sua força. Cada vez mais corporações buscam terceirizar seus setores, buscando minimizar os gastos com salários, se ausentando de certas responsabilidades com seus colaboradores.

Para poder exemplificar melhor essa atual situação recorremos a Ricardo Antunes e Leopoldo Waizbort:

"O setor terciário surge como grande empregador e, portanto, como grande distribuidor de salários [...]. A isto acresce o fato que a criação de empregos no setor terciários e, sobretudo criação de empregos de baixa e baixíssima remuneração." (GORZ 1990 apud WAIZBORT 1998)


O setor terciário até pode ser um grande empregador e distribuidor de salários como Leopoldo cita, mas, esses empregos gerados por ele não revigora o trabalho do homem, não o remunera dignamente, e sim o precariza cada vez mais. Segundo Antunes, "Mais de um bilhão de homens e mulheres padecem as vicissitudes do trabalho precarizado, instável, temporário, terceirizado, quase virtual, dos quais centenas de milhões tem seu cotidiano moldado pelo desemprego estrutural." (2003)


Desta maneira que a precarização do trabalho atinge a classe-que-vive-do-trabalho como Antunes denomina, aqueles que vendem sua força de trabalho, aumentando o número de desempregados, baixos salários, degradando o homem. E gerando um grande apogeu no que Karl Marx chamou de exército de reserva onde ocorre sempre a possibilidade do empregador de encontrar mão de obra mais barata À este processo pode se dizer que é normal no sistema capitalista, porém, nessa sociedade contemporânea, ocorre um grande aumento nesse exército, dificultando ainda mais a restauração e dignificação do trabalho.

Leopoldo Waizbort escreveu em Classe social, Estado e Ideologia, que esse grupo de trabalhadores reservas essenciais para o capital além de se manterem, ampliam-se cada vez mais.

E depois dessa viagem – bem superficial, diga-se de passagem - pela precarização do trabalho, voltamos a fazer novas indagações, como, quais são as diferenças entre o capitalismo contemporâneo e o capitalismo qual Marx vivenciou? Quais são as atitudes do Estado perante tal precarização do trabalho? E melhor ainda, qual a real função deste Estado moderno?


REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. 3º ed. Rio de Janeiro: Editorial Vitória. 1954. p. 21.

WAIZBORT, Leopoldo. Classe social, estado e ideologia. Revista Sociologia USP. São Paulo, 1998.

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Acadêmicos do 2º Semestre, do Curso de História, da Faculdade de Educação, do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio. Itu/SP. 2010.

Disciplina de Introdução às Ciências Sociais - Professora Esp. Marilia C. C. Coltri